segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

O Joker de Joaquin Phoenix

Numa noite em que se celebram momentos de glória, imortalizam-se pessoas e filmes.
As horas tinham passado e o fim da cerimónia aproximava-se do momento que eu mais aguardava, saber se a Academia de Artes de Hollywood reconhecia Joaquin Phoenix como o Melhor Ator Principal de 2019.
Em causa estava a sua brilhante e perturbadora interpretação de Arthur Fleck, ou podemos dizer, Joker, numa distante e problemática Gotham City que ainda não tinha visto nascer Batman.
Na verdade, o brilhantismo do filme de Todd Phillips, é que nos dá o nascimento de duas personagens do mundo da DC Comics que, apesar de tão diferentes, se complementam: Joker e Batman.
Do caos de repente criado na sua vida ao perder os seus pais, vimos em Bruce Wayne nascer a essência que irá torná-lo no Cavaleiro das Trevas.
Do enigma e desequilíbrio permanente, assistimos a Arthur Fleck caminhar inevitavelmente para um destino de revolta e ódio que envolverá a sua vida como Joker.
A viagem que Arthur faz é acompanhada por todos os espetadores, tendo Joaquin Phoenix conseguido criar no público aquilo que a personagem ia sentindo e no que se tornou. 
Por isso o público, de todos os quadrantes que uma sociedade possa ter, aplaudiu esta performance.
Sentimos os passos dados e a evolução ao longo do filme.
Um mestre a interpretar, um ator nascido de um percurso rico em experiências e com um ponto de vista diferente da sociedade, foram ingredientes que fizeram Phoenix imortalizar-se na noite de ontem.
Só uma pessoa diferente poderia ser um ator que provocaria o desespero, a tristeza, a simpatia, a repulsa, simultaneamente nos espetadores. 
Finalmente, o reconhecimento de alguém que nasceu para dar vida a outras personagens e torná-las memoráveis.
O Joker de Joaquin Phoenix está inscrito nas estrelas da História da Humanidade.

P.C. Franco