segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

lá do alto entre as estrelas do universo

Uma mente de génio aprisionada num corpo mortal rodeado de tempos demasiado intensos para serem humanamente suportados.

Tudo à volta de Cobain era para além daquilo que a sociedade, impregnada de valores muito limitados, pudesse entender. Havia uns que entendiam e por isso com ele sofriam a mesma incompreensão; e, havia a larga maioria que não entendia, não compreendia, não aceitava, e, sobretudo, tinha medo. E, por isso, rejeitava e pressionava para que os que se desviavam, voltassem aos valores instituídos, valores muito limitados por preconceitos e ideias pré-concebidas baseadas num pilar: tudo o que não pode ser controlado, é mau. Em suma, o livre arbítrio já é discutido há milénios e sempre com a mesma conclusão: a liberdade de ser, pensar, estar, é má, muito má, leva a que as pessoas não possam ser controladas.

Felizmente houve quem ouvisse, entendesse, seguisse Cobain e a sua banda, os Nirvana.

Confesso que apesar de todo o misticismo, a lenda, a teoria da conspiração, tudo o que foi construído à volta de Kurt Cobain por ter morrido na idade mítica dos 27 anos tal e qual como Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, por exemplo, apesar de tudo isso, eu gostava mesmo que ele não tivesse morrido e ainda hoje estivesse connosco, a dar o seu contributo irreverente na música e na sociedade.

Era um tempo em que as bandas competiam pelo reconhecimento do seu mérito e não por número de bilhetes vendidos em concertos. Vendiam-se discos e não se ouvia através da internet. Era uma questão de honra ter os discos das bandas e quando se é jovem e ainda não se tem dinheiro, era uma atitude juntar dinheiro para se comprar ou então ter um amigo que deixasse gravar para uma cassete.

A música e as bandas devem ser uma filosofia, não são para consumo rápido. 

Neste dia em que se fosse vivo faria 51 anos, relembro uma das pessoas que mais me influenciou e que sei que continua a influenciar muitos jovens pelo mundo fora. E é para esses jovens que vai uma palavra de reconhecimento, porque nos tempos fúteis e superficiais da pop atual que anda por aí, haver adolescentes e jovens que descubram Nirvana, é um bom sinal de que o rock nunca vai morrer e vai continuar a salvar e a mudar vidas. 

Sei que onde quer que esteja, Kurt Cobain pensa o mesmo. E acredito que é ele próprio, lá do alto entre as estrelas do universo, que inspira todos aqueles que nascidos pós 1994, o ouvem e partilham a sua mensagem.

Parabéns, Kurt Cobain.

P.C. Franco