terça-feira, 25 de julho de 2017

Caleidoscópio

I
o paradoxo das manhãs faz-te querer o mundo ao acordar
e querer desaparecer na noite sem lua.
o que acontece no tempo suspenso entre o dia e a noite
pertence ao tempo que ainda não veio, que talvez nem virá,
ou que será um dia esquecido por todos que o lembravam.

II
as ruas soam a uma selva de sons e cores, sonhos desfeitos
e esperanças encontradas, crenças e desesperos,
misturada com momentos de racionalidade que nos conduz
através de caminhos erráticos de vontades e contra-vontades.
somos feitos de invisíveis saudades.

III
aquilo que um dia quisemos ser, perdeu-se, desfez-se,
na utopia entretanto revelada, desvendada,
houve um tempo em que isso não importava,
éramos maiores que a vida, a nossa alma sobrevoava
o chão e, sem amarras, éramos crianças donas do incógnito.

IV
a vida acontecia dentro do caleidoscópio de um presente que se transcendia,
para além do futuro, na eternidade. 
era o mundo por acontecer.


Paula Cristina Franco 
poet





segunda-feira, 10 de julho de 2017

rostos que vagueiam

rostos
que vagueiam no silêncio da noite
deambulam sós na ausência de sons

somos
habitantes destinados a vaguear
pelos caminhos sinuosos da escuridão

seres
crentes no momento, no instante
no dia e noite de cada amanhecer

caminhantes que percorrem
a estrada da noite
de cada luar, de cada aurora
sou, és, somos, todos


Paula Cristina Franco





segunda-feira, 3 de julho de 2017

o poeta tornado filosofo cuja alma não podia ser contida | Morrison

Em 1971, 5 anos antes de eu nascer, James Douglas Morrison deixava o Mundo, no seu apartamento em Paris. Tinha aí passado os seus últimos tempos nesta vida. Aí se encontra sepultado. Nunca regressou a casa. Quando partiu da América penso que levou consigo uma mágoa por não ser compreendido na sua arte. Ou talvez não, o deixar a América por não o compreenderem era um sentido de missão cumprida: tinha abalado o Mundo com a sua poesia, atitude e visão filosófica. 

Lembro-me da primeira vez que li poemas do Rei Lagarto, do Mr. Mojo, de Jimbo, ou simplesmente, Jim. Se eu gostava de escrever, esse gosto transformou-se num modo de ser quando despertei para a poesia. Para uma poesia livre, inconformada, inquieta, transformada em poesia falada, conversada, com o objetivo de expandir o consciente, neste e noutros universos. 

Ouvir Morrison horas a fio a declamar poesia é das viagens mentais mais sublimes e que se tornaram recorrentes desde a minha infância e que irão acompanhar até ao final.

Um sentimento que me persegue, o lamento de não ter ficado connosco mais tempo para mais escrever e mais inspirar. Ter Morrison nos tempos atuais seria fabuloso.
Jim Morrison, o poeta tornado filósofo cuja alma não podia ser contida num mero corpo mortal.
PCf

***

In 1971, five years before I was born, James Douglas Morrison left the World in his apartment in Paris. He had spent his last days there in this life. There he is buried. He never came home. When he left America, I think he took with him a grief for not being understood in his art. Or maybe not, leaving America for not understanding it was a sense of mission accomplished: it had shaken the World with its poetry, attitude and philosophical vision.
I remember the first time I read the poems of King Lizard, Mr. Mojo, Jimbo, or just Jim. If I liked to write, that taste became a way of being when I awoke to poetry. For a free poem, nonconformist, restless, transformed into poetry spoken, conversed, with the purpose of expanding the conscious, in this and other universes.
Listening to Morrison for hours to declaim poetry is one of the most sublime mental journeys that has become recurrent since my childhood and will follow through to the end.
A feeling that haunts me, the regret of not having stayed with us any longer to write more and to inspire. Having Morrison in modern times would be fabulous.
Jim Morrison, the poet turned philosopher whose soul could not be contained in a mere mortal body.
PCf







segunda-feira, 12 de junho de 2017

A Comet On Earth made us chameleons

To Bowie for the remarkable way he transformed us in chameleons


A COMET ON EARTH


Like a comet
You reached Earth
With a never ending fire
Rising stardust among us
Unleashing never seeing beings.
Oh, my friend,
My lovely starman,
We feel you in our bonés,
Our mortal bodies
Danced in blue,
Red, green, yellow, Orange,
Golden dust & lust,
We loved the way you wanted,
Yes, we did,
Oh, my sweet starman,
You reached us,
You made us.
Then, like the invisible magic,
You left us, with no storm or thunder,
But with a broken heart.
We heal, we rise, we’re starmen,
You smile,
Blackstar,

Oh, you smile.






quarta-feira, 24 de maio de 2017

alive in the superunknown

Continua a ser-me difícil falar da morte de Chris Cornell. Olho para a capa da Classic Rock dedicada ao grunge e das três bandas míticas que estão representadas, lembro-me que já só temos Eddie Vedder connosco. E de repente a vida parece-me tão violentamente injusta e muito dura de entender.
Muito falam agora da sua morte. Na verdade, pode ser que daqui a algum tempo consiga fazer o mesmo, mas, por agora, não sei o que dizer ou sequer como lidar.
Gostava que ele estivesse connosco, alimentava uma esperança de mais trabalhos discográficos e talvez uma tour pela Europa dos Soundgarden. Tudo estava bem, eles andavam (quase) todos por aí, Guns N´Roses, Eddie Vedder, Soundgarden, U2, todos a darem-nos música e a inspirar. 
Cada vez que morre um ídolo da nossa adolescência, morre uma parte da nossa memória, li num artigo. É verdade. Palavras brutais.
Perdi a conta às vezes que ouvi e continuava (e continuo) a ouvir Soundagarden, Audioslave, as músicas a solo de Chris Cornell, porque aquela voz e as letras vinham da alma. Aliás, como eram e são todas as letras e músicas de bandas a sério. 
Espero que estejas em paz onde quer que estejas e que continues a inspirar não apenas a tua família e amigos, mas também os teus fãs espalhados pelo mundo que, no segundo que nos deixaste, uma parte de nós foi contigo. 
Até um dia, Chris Cornell. Que Era incrível foi aquela que juntamente com Kurt Cobain e Eddie Vedder nos deram, diretamente de Seattle. 
P. 



Christopher John Cornell Boyle, Seattle 20 july 1964 - Detroit 17 may 2017



Fundador dos Soundgarden, Audioslave e Temple Of the Dog, com carreira a solo, autor de um soundtrack dos filmes James Bond, primeira banda americana a realizar um concerto em Cuba, ativista e filantropo 



O seu primeiro instrumento na infância foi o piano mas iniciou a sua carreira como baterista na banda Jones Street Band. Em 1984, juntamente com o guitarrista Kim Thayil e o baixista Hiro Yamamoto, formou os Soundgarden. Lançaram, entre outros álbuns, Ultramega OK (1988) e Louder Than Love (1989), tendo boa repercusão no cenário alternativo americano. O primeiro EP da banda, Screaming Life, foi lançado em 1987 pela gravadora Sub Pop.


Em 1990 Junta-se a Jeff Ament e Stone Gossard, ambos membros dos Mother Love Bone, além dos recém recrutados Mike McCready e Eddie Vedder e formam o Temple Of The Dog.

Em 2001 fundou os Audioslave.

Em 2005, os Audioslave entram para a história, tornando-se o primeiro grupo americano a realizar um concerto em Cuba. A apresentação ao ar livre numa praça de Havana teve um público estimado em 50.000 pessoas.

Escreveu e compôs a música "You Know My Name", tema do filme James Bond Casino Royale, na estreia do ator Daniel Craig como agente secreto 007.










segunda-feira, 15 de maio de 2017

o dia em que a música ganhou

Amar pelos dois

Se um dia alguém perguntar por mim
Diz que vivi para te amar
Antes de ti, só existi
Cansado e sem nada para dar

Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei que não se ama sozinho
Talvez, devagarinho, possas voltar a aprender

Meu bem, ouve as minhas preces
Peço que regresses, que me voltes a querer
Eu sei que não se ama sozinho
Talvez, devagarinho, possas voltar a aprender

Se o teu coração não quiser ceder
Não sentir paixão, não quiser sofrer
Sem fazer planos do que virá depois
O meu coração pode amar pelos dois

letra de Luísa Sobral
arranjo musical de Luís Figueiredo
interpretação de Salvador Sobral

canção vencedora do Festival da Eurovisão 2017
país: Portugal











quinta-feira, 20 de abril de 2017

one thousand years ago

one thousand years ago,
when time has been suspend to eternity
we left home searching for new roads
among the dark and cold night 
of a distant universe.

one thousand years ago,
we felt alone and lost, sad but hopeful
we were happy, we had time suspended in time.
the energy around us was infinite,
leading us to the marvelous unknown.

lost, but with inner hope,
hearts full of beliefs in a bright tomorrow.

one thousand years after,
time is no longer suspended in time.
universe is calling, the roads are ending,
time and space are becoming One.

the road is no longer ahead.
the path is above us.
transcendence.
time to a new dimension where bodies can't go.
the land of the spirit.

Paula Cristina Franco
free poet








sexta-feira, 7 de abril de 2017

sing to life, laugh to destiny

I like strong flowers
in the morning when the fields
are empty
& we can run free
& sing
& laugh
to life & to the destiny

Golden moments of infinity
happiness
where all is a mistery

take my hand & come to see it,
it's green, it's blue,
it's what you want to be

come see it,
before human arrive,
before life happens.

Paula Cristina Franco
free poetry 




quarta-feira, 5 de abril de 2017

Welcome to Aberdeen - Come As You Are

we own him so much. 
we have so much of him in our blood and mind. 
we own him keep honoring. 
Kurt, we all died a little with you that day, we were never the same. 
5th april 1994.

Paula Cristina Franco

"If any of you in any way hate homosexuals, people of different color, or women, please do this one favor for us - leave us the fuck alone! Don't come to our shows and don't buy our records." 
Kurt Cobain

#freemind #tolerance #respect 



segunda-feira, 27 de março de 2017

Demon of Screamin

A BIG shout out to a legendary rock n roll frontman since the 70's and keep rolling!

Steven Tyler has been leading Aerosmith since first day and is heading to Europe to a tour with the band.

For sure, Portugal is in it and guess what? I'm in!

Happy birthday, Steven Tyler!

One wish, Aerovederci wouldn't be the last tour.

Lots of love,

once a child fan, after a teenager fan, now a little more older fan,
but never a grow up adult! (stay a kid in life, because kids have hope, dreams and no fear facing the unknown)

Paula Cristina Franco











segunda-feira, 20 de março de 2017

Lost Paradise, the days of the dreamers, the seekers, the explorers

Lost Paradise - the days of the dreamers, 
the seekers, the explorers

you were sand & dust
burning our skin with a 
powerfuk sun
we dance,
the tribal dance,
we set our soul free,
we were free,
we were freedom seekers,
peace keepers,
day dreamers,
night explorers,
travelers of endless roads,
we were free,
and we danced,
we danced,
under the stars,
under the sun,
around the moonlight,
we loved, we were born,
we were happy, my love,
we were endlessly happy.

Paula Cristina Franco
poet 


Children Of Tomorrow, Mad Max Beyond Thunderdome

Black Rock City, Burning Man

Black Rock City, Burning Man

Max Rockatansky, Mad Max The Fury Road






sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

ramblings

I

do we come from another life?

are we walking into a future together?

is this our time together?


II

we could be happy
in this crazy life
we can't
we are dead & buried
the emotions.


III

a road trip of my own
through the unveilled
paths of my mind
to find myself my way
home


IV

wake up from Dreamland.

try to figure it out in which reality you are now.

open your eyes wide open,

get up.

it's time to conquer the world.


Paula Cristina Franco
poet


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