Pode
não parecer, mas caminhar à chuva numa noite sem lua faz-nos lembrar que somos
seres mágicos, que outrora éramos unos com as estrelas e os deuses antigos.
Com
o passar dos milhares de anos esquecemo-nos de quem somos, de onde viemos, e
tornámo-nos seres vazios da essência mágica que nos dá vida e nos acompanha até
ao mundo dos nossos antepassados.
É
isto que queremos?
Vaguear
por ruas e caminhos, com medo do escuro, sempre à procura de uma luz
artificialmente criada pelo Homem? Na verdade, não andamos com lanternas mas
andamos com telemóveis que têm essa funcionalidade e, ao mínimo sinal de
ausência de luz, recorremos a um foco criado por nós. Simplesmente porque
deixámos de nos sentir um só ser juntamente com a Natureza, seja ela qual for a que nos rodeia.
E,
por isso, estamos a ficar vazios. Da nossa magia. Daquilo que nos define.
A
chuva não acalmou mas os primeiros ténues raios de sol começaram a surgir e a
sensação de que o dia estava a começar e já se podia respirar de alívio
espalhava-se por todo o lado.
A
chuva era a mesma. Durante umas horas sob um céu ausente de lua visível, agora
sob um sol cinzento.
Mudámos
porque nos esquecemos dos nossos antepassados.
P.C.
Franco
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