quinta-feira, 26 de setembro de 2019

anima mea | capítulo II

Perseguimos a eternidade para não sucumbirmos ao esquecimento, para não dizermos adeus ao e aos que amamos, para não nos esquecermos dos momentos que vivemos.
Abandonados para sempre na escuridão da memória, sem nunca mais ouvirmos o nosso nome ser dito, é uma ideia que impregna o nosso coração humano de pavor, desespero e pânico.
De que somos feitos para nos consumir desta forma a nossa finitude?
Reminiscências de um passado do qual não nos lembramos e que nos coloca como seres gloriosos e eternos?
Sempre conhecemos a nossa limitação, ninguém transcendeu, até hoje, as barreiras da vida e não conheceu a morte.
Como pode algo que nunca fomos nem nunca tivemos, ser determinante da nossa vida?
Afinal, nada sabemos sobre a eternidade.
Todos os nossos dias têm um fim.
Todavia, nascemos com um desejo de ser eternos e, cada um à sua maneira, luta pela continuidade da sua memória, uns à sua volta, outros pela História em si.
Teremos sido outrora eternos, e terá sido essa eternidade apagada da nossa consciência mas não do nosso ADN?
E se voltarmos a ser eternos? O que se segue na nossa continua busca pelas estrelas?

P.C. Franco





sexta-feira, 20 de setembro de 2019

little thoughts about transcendence | pc franco

The perfect symphony of the universe transcends the limitation of our existence.
Understanding it is an obligation inherent in our way of being.
However, we are fully aware of the impossibility of the noble task.
Nevertheless, our insistence and persistence on this mission reveals that we are either descendants from the stars or we are destined to go to them and look at us from above.

P.C. Franco

all author rights reserved 

Mozart Symphony No 38


pequenos pensamentos sobre transcendência

A perfeita sinfonia do universo transcende a finitude da nossa existência.
Compreendê-la é uma obrigação inerente ao nosso modo de ser.
Todavia, temos a plena consciência da impossibilidade da tarefa.
Daí que a nossa insistência e persistência nessa tarefa revela que ou descendemos das estrelas ou estamos destinados a ir ter com elas e olhar para nós lá de cima.

P.C. Franco

reservados os direitos de autor | all author rights reserved 


domingo, 8 de setembro de 2019

as palavras de Tal

"Somos seres sem um mundo a que possamos chamar nosso.
Vagueamos pelas estrelas sem saber o que está por detrás dos astros,
e assim ficamos, sempre sós, eternamente condenados a percorrer 
o infinito.
o horizonte é longínquo de tudo e de todos
e, quando voltarmos, nunca mais será o mesmo.
Tenta não esquecer de onde vens, tenta lembrar-te
para não te perderes na dança cósmica 
daquilo que te rodeia e chama por ti." 

Estas foram as palavras de Tal, o grande fundador do planeta Vor que Hanan leu pausadamente a Laura. 
Quando fechou o livro sagrado da criação do universo estava na expetativa da primeira reação da nova hóspede, era conhecida por não ter as respostas previsíveis como os outros viajantes que por ali passavam.
Estranhamente, Laura não foi capaz de dizer nada. Isso foi tão estranho que deixou confusa a própria Laura.

P. C. Franco 

(excerto retirado da história O Povo das Estrelas. Reservados todos os direitos de autor)




poema I



terça-feira, 3 de setembro de 2019

anima mea | capítulo I

Podemos acreditar que existem seres que nos criaram. A questão é se acreditamos ou não que somos nós quem constrói o nosso destino e escrevemos a nossa história.
É que não é fácil escrever uma história, quanto mais a nossa.
É mais fácil dizer que os nossos criadores traçaram o nosso destino e o que tem de ser, será.
Não, não é verdade. O que tem de ser nem sempre será, simplesmente porque não são assim que as coisas funcionam.
E invocar a sorte também não é opção. O destino e a sorte não andam de mãos dadas e não variantes decisivas no desenrolar dos eventos da nossa vida.
Muito provavelmente, ao longo da nossa vida, temos de construir o nosso destino e criar a nossa sorte; se ficarmos à espera destes dois, vamos ter muito de esperar.
Se querermos trazer alguma variante que justifique a obtenção ou não obtenção do que queremos ou do que nos acontece, ou não acontece, é a vontade. Sim, a vontade é definidora dos eventos da nossa vida.
A ausência de vontade é tão importante como a existência a 200% da mesma em nós. Faz acontecer eventos. Ou faz não acontecer.
Nas manhãs de frio e sem esperança, é quando normalmente conseguimos pôr em prática algo determinante, simplesmente porque a nossa vontade está bem vincada e definida.  

A determinação nasce dos momentos de dor e desespero, é nesses instantes que descobrimos a nossa verdadeira essência: se somos vencedores, se nos damos por vencidos, ou o pior dos piores, se somos indiferentes.

P.C. Franco 


(todos os direitos de autor reservados. para autorizações contactar a autora. obrigado. all rights reserved. for permissions please contact the author. thank you.)