quinta-feira, 26 de setembro de 2019

anima mea | capítulo II

Perseguimos a eternidade para não sucumbirmos ao esquecimento, para não dizermos adeus ao e aos que amamos, para não nos esquecermos dos momentos que vivemos.
Abandonados para sempre na escuridão da memória, sem nunca mais ouvirmos o nosso nome ser dito, é uma ideia que impregna o nosso coração humano de pavor, desespero e pânico.
De que somos feitos para nos consumir desta forma a nossa finitude?
Reminiscências de um passado do qual não nos lembramos e que nos coloca como seres gloriosos e eternos?
Sempre conhecemos a nossa limitação, ninguém transcendeu, até hoje, as barreiras da vida e não conheceu a morte.
Como pode algo que nunca fomos nem nunca tivemos, ser determinante da nossa vida?
Afinal, nada sabemos sobre a eternidade.
Todos os nossos dias têm um fim.
Todavia, nascemos com um desejo de ser eternos e, cada um à sua maneira, luta pela continuidade da sua memória, uns à sua volta, outros pela História em si.
Teremos sido outrora eternos, e terá sido essa eternidade apagada da nossa consciência mas não do nosso ADN?
E se voltarmos a ser eternos? O que se segue na nossa continua busca pelas estrelas?

P.C. Franco