Os dias de inverno trazem noites
com mais sonhos e pesadelos pois são mais longas e não temos pressa em sair da
cama.
A nossa mente ajusta-se ao nosso
ambiente. Já dizia o Dr. Crane, o Espantalho, em Batman – The Beginning,
interpretado por Cillian Murphy, “fascina-me o poder da mente sobre o corpo e é
por isso que faço o que faço”.
E assim navega por estranhos
mundos dos quais frequentemente não nos lembramos quando a escuridão da noite
se levanta.
Parece que o tempo é mais lento e
arrastado, tudo dá a sensação de eternidade.
E, curiosamente, queremos que o
tempo passe rápido ou, pelo menos, mais rápido.
Será o facto de os dias sem luz
que associamos ao inverno nos causa terror?
O ar sombrio com que passamos os
meses do tempo frio assusta-nos e desespera-nos.
Talvez esteja interligado com a
nossa essência primária de seres vivos diurnos. O medo do escuro sempre atormentou
o Homem desde os tempos primitivos.
Milénios passaram e continuamos a
sentir o mesmo pânico quando há ausência de luz, seja individualmente seja
coletivamente – de imediato associamos à possibilidade de crime e maus eventos.
É curioso a falta de evolução nesse aspeto que atravessa o ser humano, desde o
mero cidadão aos governantes e autoridades.
E tudo porque confiamos apenas no
sentido de visão para ver e perceber o mundo. Esquecemos que não precisamos
de ver para nos protegermos dos demónios e monstros que a escuridão possa
trazer.
Somos a nossa mente, isso é
verdade, mas ela vai para além dos olhos que apenas nos dão um mero e confuso
reflexo da realidade. Se confiássemos mais nos nossos outros sentidos, muito
provavelmente haveriam menos conflitos, desentendidos, desesperos ou nos deixaríamos
conquistar pelos obstáculos que nos surgem e nos conduzem ao medo.
P.C. Franco
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