I
o paradoxo das manhãs faz-te querer o mundo ao acordar
e querer desaparecer na noite sem lua.
o que acontece no tempo suspenso entre o dia e a noite
pertence ao tempo que ainda não veio, que talvez nem virá,
ou que será um dia esquecido por todos que o lembravam.
II
as ruas soam a uma selva de sons e cores, sonhos desfeitos
e esperanças encontradas, crenças e desesperos,
misturada com momentos de racionalidade que nos conduz
através de caminhos erráticos de vontades e contra-vontades.
somos feitos de invisíveis saudades.
III
aquilo que um dia quisemos ser, perdeu-se, desfez-se,
na utopia entretanto revelada, desvendada,
houve um tempo em que isso não importava,
éramos maiores que a vida, a nossa alma sobrevoava
o chão e, sem amarras, éramos crianças donas do incógnito.
IV
a vida acontecia dentro do caleidoscópio de um presente que se transcendia,
para além do futuro, na eternidade.
era o mundo por acontecer.
Paula Cristina Franco
poet