Houve um dia em que numa manhã o
frio apareceu de repente e uma fina geada cobriu a relva e as flores.
Os corações nesse dia perderam-se
em gritos, sufocaram-se em lágrimas, impregnadas de dor e remorsos.
O arrependimento seria agora
companheiro dos dias e noites porque tudo ficou por fazer, por dizer.
Ela não quis ouvir as palavras do
sábio que a visitou nessa noite mais escura da sua vida. Agora, perguntava-lhe.
Ia partir e queria um último
conselho. Não sabia o que responder à primeira pergunta que lhe iam fazer.
Talvez não quisesse era responder o
que deveria.
Queria algo que fosse o mais certo
e não o que fosse verdadeiro. E nem sempre o que é o mais certo é a verdade.
Provavelmente, o mais certo é mesmo o que não é verdadeiro.
A Humanidade está preparada para
lidar com o que é correto, mas não com a verdade.
E, tal como a Humanidade, ela
estava assustada com essa possibilidade. Desejou ter dado ouvidos ao homem
sábio. Agora, tinha a convicção de que ele não a iria reconhecer. No fim,
estarás só, avisaram-na. Os olhos fecharam-se e a escuridão tornou-se rainha.
“Sou filha da tempestade, pensou
ela, a “tormenta não me assusta”, e assim caminhou pelo negro da eterna noite.
De repente, um batimento de coração
mais forte e os olhos abriram.
Tinha acordado do sonho.
P.C. Franco
texto retirado da história O manipulador dos Deuses e de todas as criaturas.
reservados os direitos de autor | all rights reserved
In space by Valera Taljutov |