segunda-feira, 29 de abril de 2019

o caminho para Júpiter

Houve um dia em que numa manhã o frio apareceu de repente e uma fina geada cobriu a relva e as flores.

Os corações nesse dia perderam-se em gritos, sufocaram-se em lágrimas, impregnadas de dor e remorsos.

O arrependimento seria agora companheiro dos dias e noites porque tudo ficou por fazer, por dizer.

Ela não quis ouvir as palavras do sábio que a visitou nessa noite mais escura da sua vida. Agora, perguntava-lhe.

Ia partir e queria um último conselho. Não sabia o que responder à primeira pergunta que lhe iam fazer.

Talvez não quisesse era responder o que deveria.

Queria algo que fosse o mais certo e não o que fosse verdadeiro. E nem sempre o que é o mais certo é a verdade. Provavelmente, o mais certo é mesmo o que não é verdadeiro.

A Humanidade está preparada para lidar com o que é correto, mas não com a verdade.

E, tal como a Humanidade, ela estava assustada com essa possibilidade. Desejou ter dado ouvidos ao homem sábio. Agora, tinha a convicção de que ele não a iria reconhecer. No fim, estarás só, avisaram-na. Os olhos fecharam-se e a escuridão tornou-se rainha.

“Sou filha da tempestade, pensou ela, a “tormenta não me assusta”, e assim caminhou pelo negro da eterna noite.

De repente, um batimento de coração mais forte e os olhos abriram.

Tinha acordado do sonho.



P.C. Franco

texto retirado da história O manipulador dos Deuses e de todas as criaturas.
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